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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Favor, discrição e constrangimento


Há alguns dias recebi uma ligação: “Líz, preciso da tua ajuda”, disse minha amiga quase desesperada. Ela queria mandar um arranjo de flores e outras coisinhas fofas para a namorada, mas como não mora na mesma cidade que a dita cuja, não estava conseguindo ter êxito. Tratei então de perguntar o que exatamente ela queria e meti a mão na massa. Ou melhor, no telefone.
Depois de algumas ligações, retornei para a minha amiga dando a ela opções. Depois de bater o martelo, ela me mandou uma mensagem com o que queria que estivesse no cartão. Eu poderia me apaixonar por ela não fosse a minha relutância. Mas, ler a declaração foi o de menos. Lindo mesmo foi eu ditando para a moça da floricultura os dizeres do cartão: “Você deu um novo sentido à minha vida. Com saudades e muito carinho do seu amor. Te amo. Parabéns pelo nosso dia minha vida!”
Detalhe: os meus colegas de trabalho podem claramente me ouvir falar ao telefone. Tentei amenizar o constrangimento rindo, mas não surtiu muito efeito. Passado o constrangimento de ter me declarado para a moça da floricultura – do ponto de vista dos meus colegas -, pedi que fossem até o meu local de trabalho fazer a cobrança, já que eu não poderia sair. O.K!
Logo que vi a moça, com um arranjo de rosas vermelhas na mão, tratei de descer e concluir o favor de forma discreta. Não foi possível, já que comentários como “Uhm, que lindo”, já me rodeavam. Recebi a nota e paguei. Tudo ia bem, até que a moça resolveu mostrar o quanto sabe ser discreta.
(Não sei se com vocês é assim, mas toda vez que algo constrangedor está para acontecer comigo o mundo para de girar e eu viro o centro das atenções ou todo mundo fica quieto para ouvir a besteira que sairá da minha boca).
“É para entregar para a Fulana na loja 1 ou na loja 2?”. 
Ahh... Como eu queria!
Como de costume o mundo parou de girar e todos os presentes olharam para mim. Respirei e com um sorriso forçado e uma vontade de fulminar ela com os olhos respondi, mas ela não se deu por contente. Ainda puxou assunto e falou o nome da Fulana mais umas três vezes. Quis garantir que todos os presentes tivessem ouvido, só pode!
Quando ela finalmente saiu pude perceber os olhares de “Como assim? Rosas vermelhas para a Maria?” Tentei agir com naturalidade e voltei ao meu trabalho, mas não consegui parar de rir da situação, e claro, não conseguia tirar da cabeça a ideia de matar a minha amiga, que ao me ouvir contar toda a situação só ria escandalosamente no celular.
Obs:
•    Mesmo após todo o constrangimento continuo fazendo favores. Não me importo de ajudar, mas, queridas amigas, vocês sabem que estou falando de vocês, não me metam em frias! 

•    Moças que fazem cobranças e entregas em floriculturas... Mesmo que o pedido seja o mais normal de todos, não digam em voz alta na frente de outras pessoas para quem e onde vão entregar a encomenda, pode ser que a pessoa queira discrição.
Obrigada!

Publicada no site Reeditando.com em 23 de novembro de 2012.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A bolacha, o futebol e o repositor


Delícia!
Se tem uma coisa que eu gosto muito é a tal da bolacha Passatempo. Sempre dedico uma parte do meu salário a ela. Uma parte pequena é claro. Bem pequena.  Pequeniníssima! O.K! Na maioria das vezes peço para a minha mãe comprar. Sempre peço, rindo, para que ela compre umas 14 - não sei por que motivos cismo com esse número -, na esperança de que ela realmente compre, mas ela sempre traz só quatro.

Quem me conhece sabe que outra coisa que gosto muito é de jogar futebol. Jogo sempre que posso, e às vezes até quando não posso. Faço isso desde que me entendo por gente. Outra coisa, que não sei se gosto, mas faço com muita frequência é dar conversa para pessoas pouco prováveis. O tiozinho que abastece as prateleiras do supermercado perto da minha casa, por exemplo.

Sei muito sobre a vida dele já, inclusive que ele tem um dedo “morto”. Culpa do futebol. É aí que os dois assuntos se unem. Mas você deve estar se perguntando: “o que a bolacha tem a ver com isso?” Eu explico.

Fui ao mercado que o tiozinho trabalha recentemente comprar, com o meu dinheiro, as minhas bolachas preferidas e o encontrei pintando as paredes do estabelecimento. Muito simpático ele me cumprimentou e me perguntou se eu estava jogando muito. Respondi que sim, e como não queria ser seca com o tão simpático repositor e pintor, resolvi continuar o papo. Foi então que eu me perdi.

O que saiu da minha boca jamais por mim será esquecido. “E aí, dando uma pintadinha?”

Minha vontade.
No segundo seguinte, quando percebi, desejei que Deus abrisse um buraco no chão onde eu pudesse me enfiar. Senti o vermelhão tomando conta do meu rosto. O tio só deu um risinho sem graça. Três opções: ele leu a minha mente e decidiu me poupar; desejou o mesmo que eu, ou não entendeu. O fato é que eu tratei de pegar logo minhas bolachas e sair do campo de visão dele.

Cheguei ao caixa rindo descontroladamente e fiz o caminho de casa do mesmo jeito. Quase não consegui me controlar para contar para minha mãe, que, por sua vez, quase não acreditou no que ouviu. Agora veja que ironia. Como eu poderia imaginar que uma tentativa de ser educada e duas das coisas que mais gosto iam se unir para me sacanear desse jeito?

Agora sempre que como a dita bolacha me lembro do episódio e as mastigo de forma vingativa. Quando vejo o tiozinho... Nem falo mais. Limito-me a sorrir, ainda que o sorriso saia amarelo.

*Publicado no site Reeditando.com em 15 de novembro de 2012.