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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um dia inesquecível

Com algumas exceções, é sempre muito bom lembrar a infância, pelo menos para mim. Sempre que paro para pensar me divirto muito. Mas nem tudo na vida é moranguinho. Apesar de hoje achar graça, quando eu era criança algumas coisas não foram tão engraçadas. Como o dia em que eu caí (ou pulei, sei lá) de um ônibus.

Assim que completei o primário fui estudar em um colégio no centro da cidade e, como de acordo com a minha mãe, eu ainda era muito pequena, não podia fazer o trajeto sozinha e nem a pé. Passei então a ir ao colégio de ônibus. Não um ônibus fretado especificamente para transporte escolar. Era um circular. Ou seja, eu dava várias voltas na cidade antes de chegar e ao sair do colégio. Para mim era quase uma aventura, e a sensação de vivenciá-la diariamente fazia com que eu fizesse de tudo para passar o máximo de tempo possível dentro do ônibus. Muitas vezes eu passava na frente da entrada para a minha casa e ia descer só no outro ponto para ter o gosto de andar pelo bairro de ônibus. Coisa de criança. Até que um dia eu parei com isso. Decidi que não ia mais me aventurar pelo bairro e ia ficar o menor tempo possível dentro do ônibus.

Como todas as outras crianças que utilizavam o ônibus eu ia para a frente da porta correndo, para ser a primeira a descer. Alguns até arriscavam pular com o ônibus em movimento. Não era o meu caso, até aquele dia. Assim que estava próxima do meu ponto alternativo, já que o meu tinha ficado para trás, me posicionei antes de todos os outros junto à frente da porta. Por algum motivo, o motorista havia deixado a porta aberta. Fiquei ali, praticamente pendurada na porta com um monte de criança colada atrás de mim, quando, do nada, a porta começou a se fechar.

Fuscas brancos ainda me abalam.
 Minha cabecinha ingênua não pensou, naquele momento, em pedir para que os outros fossem para trás, a única coisa que passou pela minha cabeça foi pular. Morrer esmagada não me parecia uma alternativa atraente. Pulei. A sensação de liberdade do vôo não durou muito tempo. Se já não bastasse o pânico de ter pulado do ônibus, tive a infelicidade de dar de cara com um Fusca, literalmente. Amassei o Fusquinha com o peso do meu corpo e caí de costas no chão. Ainda tive que lidar com a impressão de que o ônibus estava dando a ré e ia passar por cima de mim.

"A mãe vai me matarrrrrrrr!"
Pense em uma criança apavorada! O que, claro, piorou devido ao fato de eu ter caído na frente de um bar. Em segundos tinha um bando de curiosos do meu lado perguntando se estava tudo bem. Eu tinha pulado de um ônibus em movimento, caído em cima de um carro e estava com um dos joelhos ralados, mas estava tudo muito bem, claro!

Para mim, o pior ainda estava por vir. Como é que eu iria explicar isso para a minha mãe, sendo que ela já tinha me chamado a atenção sobre minhas voltinhas a mais de ônibus?

Decidi não contar e expliquei o rasgo na calça e o machucado no joelho como um tombo na escola. Quanta inocência! Até parece que ninguém ia comentar com ela o ocorrido. Se não bastasse o que eu já tinha passado, levei um tremendo sermão da minha mãe. No ano seguinte passei a ir para o colégio a pé, e não foi porque ela já me achava adulta o suficiente para isso.