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segunda-feira, 27 de abril de 2015

As 10 pessoas que mudaram o mundo

A fim de comemorar seus 10 anos, a Aventuras na História elaborou um Top 10 com os personagens cuja ação ajudou a determinar a forma como a sociedade se comporta atualmente. Os eleitores foram historiados, escritores e jornalistas, do Brasil e também do exterior, além de leitores da revista. A lista, nas palavras dos redatores do texto Fábio Marton e Wagner Gutierrez Barreira, não trata dos “10 heróis” ou das “10 pessoas que ajudaram a fazer deste um mundo melhor”, mas mostra que “nosso mundo também é fruto do que se tenta evitar – e do esforço para que tragédias não se repitam”. Confira:

Jesus Cristo

Para muitos, ou melhor, para os muitos que nele crêem, nenhum outro personagem desta lista existiria sem ele. Fundador da maior religião do mundo e de boa parte da história ocidental. Ainda que a civilização cristã raramente tenha conseguido viver de acordo com as palavras de Jesus, a Igreja fundada em seu nome é absolutamente central na história do Ocidente. Tanto que o calendário se divide em antes e depois de Cristo. Apesar de toda a sua importância para a história do Ocidente, pouco se sabe sobre ele. Nem uma linha foi escrita enquanto Jesus viveu. A maior fonte sobre a sua vida continua sendo os evangelhos, que não são livros de história, e sim, de pregação religiosa.


O mundo sem ele


Sem Jesus Cristo e o cristianismo, não haveria uma Igreja unificada e forte para preservar o pensamento e conhecimento da Antiguidade durante a Idade Média, nem para fazer valer a autoridade de imperadores como Carlos Magno (742-814), que começou a impor ordem à Europa. Sem cristãos não haveria o Islã. Em uma Europa bárbara não haveria Renascença, Grandes Navegações ou Revolução Industrial. Talvez outra civilização fosse dominante, como os persas ou indianos e a tecnologia estaria alguns séculos atrasada.

Karl Marx

Marx partiu de uma filosofia para filósofos para uma filosofia de ação. "Os filósofos apenas tentaram interpretar o mundo de diversas formas; o ponto é mudá-lo", escreveu em 1845. E ele mudou mesmo: o século 20 foi marcado pela divisão mundial entre marxistas e defensores do capitalismo de várias vertentes. Marx também deu uma enorme contribuição acadêmica, o que garante a permanência de seu pensamento como norte intelectual ainda hoje nas ciências humanas. Marx ajudou a criar caminhos intelectuais, como a lógica dialética e o materialismo histórico, que dominariam várias áreas do conhecimento no século 20. Ele é um dos fundadores das ciências sociais, o saber que transformou a mera especulação filosófica em estudo metódico, baseado em conceitos científicos. Sua teoria é um convite à ação.

O mundo sem ele

O socialismo preconizado por Marx, adotado por sindicatos e partidos de esquerda, foi responsável por diversas conquistas dos trabalhadores, como a jornada de 8 horas, as férias anuais e as leis contra o trabalho infantil. A crítica sistemática da sociedade capitalista iniciada por Marx serviu de base intelectual para movimentos que não têm relação direta com a causa do proletariado, como o feminismo e a luta por direitos civis de negros e gays. Sem Marx, não haveria as tragédias do comunismo soviético e chinês, mas também viveríamos num mundo mais conservador, onde o nacionalismo, na ausência das grandes ideologias, seria um fator importante a dividir os países.

Sigmund Freud

O austríaco mudou a imagem que o ser humano tem de si mesmo. Porém, a primeira vista, o pai da psicanálise é um personagem destoante na lista. Não foram feitas revoluções em seu nome e sua contribuição científica é controversa. Porém, entre todos os mencionados, Freud é provavelmente o que tem a maior influência no cotidiano das pessoas hoje em dia. A ideia do que é ser humano foi refundada por Freud. Hoje, cientistas e psicólogos entendem o ser humano como um animal dotado de razão, mas uma razão imperfeita, altamente influenciada por seus desejos e sentimentos, às vezes inconscientes, às vezes inconfessáveis, atormentado pela contradição entre esses impulsos e a vida em sociedade. 

O mundo sem ele

Ele considerava o orgasmo pelo clitóris ou qualquer forma de sexo não reprodutivo como falhas no desenvolvimento mental, mas o mundo seria bem mais "careta" sem ele. Suas teorias influenciaram a arte e o pensamento de vanguarda. A explicação naturalista para o sexo, incluindo a sexualidade na infância, abriu caminho para a revolução sexual, iniciada justamente pelos artistas e pensadores de vanguarda. A filosofia pós-moderna, a rejeição do mundo racional e científico contemporâneo, começa pela dúvida freudiana de uma razão pura. Enfim, sem o austríaco, não haveria os anos 60. O mundo não teria subculturas, mas uma divisão baseada puramente em ideias.

Charles Darwin

O cientista que mudou a história do homem com a seleção natural. Em 1859, seu livro colocou o ser humano em seu devido lugar. Antes dele, a humanidade tomava a si própria como o ápice da criação, num mundo em que todas as outras formas de vida haviam sido colocadas na Terra por Deus apenas para servi-la. A Origem das Espécies demoliu essa visão milenar. Nele, Darwin afirmou que a espécie humana evoluiu, como todas as outras, por meio de um processo que não tem direção definida, com todos os animais partilhando um ancestral comum. É a sobrevivência do mais apto - não a do mais forte - às circunstâncias que guia a evolução. A espécie humana não foi feita à imagem e semelhança de Deus, mas surgiu de um macaco na savana africana.  Esse foi um impacto brutal na autoimagem da humanidade, que até hoje muitos ainda relutam em aceitar. Mas o darwinismo tornou-se a doutrina capaz de explicar e dar novos rumos à biologia, fazendo a ciência - sem trocadilho - evoluir ao longo do século 20. Suas teses são contestadas apenas por um grupo: o dos cristãos fundamentalistas, os chamados criacionistas.

O mundo sem ele


Inúmeros avanços não teriam acontecido. Viveríamos num mundo de máquinas impressionantes, mas de ciência biológica primitiva, onde a maioria das crianças morreria na infância como no século 19. Mesmo que a teoria dos germes fosse desenvolvida, é preciso da seleção natural para entender a resistência aos antibióticos. Ecologia seria apenas romantismo, preservação de paisagens. Darwin também ajudou a impulsionar a genética, e a descoberta do DNA, no século 20, tem a ver com seus escritos. "Sem Darwin, o mundo demoraria a explicar o mundo sem recorrer às forças sobrenaturais", afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp.

Adolf Hitler

Hitler é um dos personagens cujo perfil torna obrigatório incluir uma contagem de cadáveres - 11 milhões, entre judeus, poloneses, comunistas, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová e opositores, em execuções, massacres e campos de extermínio. Isso sem contar os 50 milhões da Segunda Guerra, que podem ser atribuídos a ele. Hitler foi inédito em seu ódio. Em meio a uma guerra que estava perdendo, desviou preciosos recursos para uma imensa operação industrial com o objetivo de eliminar pessoas de forma rápida e eficiente. O nazismo ainda recriou a escravidão em pleno século 20, com 20% da mão de obra alemã provindo de trabalho forçado. "Hitler não apenas ajudou a criar o horror que foram a Segunda Guerra e o Holocausto, nos quais dezenas de milhões morreram. Ele alterou a paisagem política global para sempre", afirma o jornalista e autor norte-americano Jon Lee Anderson.

O mundo sem ele

É provável que a maior contribuição de Adolf Hitler para a história tenha sido desacreditar suas próprias ideias. O nacionalismo se tornou uma maldição na Europa e hoje qualquer discurso nacionalista embute um gene nazista. Racismo e eugenia são práticas totalmente desacreditadas hoje. A cooperação entre os países aumentou de modo a evitar novas guerras, e seu maior resultado foi a criação da Organização das Nações Unidas. Por causa do esforço de guerra, os alemães contribuíram para a conquista do espaço. Os foguetes V2, desenvolvidos pelo alemão Werner von Braun, foram o primeiro passo para os programas espaciais dos EUA e da União Soviética. Há até uma estranha contribuição para a saúde. Os médicos nazistas foram os primeiros a pesquisar a relação entre o cigarro e o câncer. 


Albert Einstein

A física se divide em antes e depois de 1905. Entre março e setembro daquele ano, quatro artigos foram publicados no periódico científico Annalen der Physik, de Berlim. O último deles estabelecia a equivalência entre matéria e energia, uma das equações mais famosas da história da ciência, E=mc2, o que afetaria o mundo de forma bem direta, pois é simplesmente a origem da bomba atômica. Einstein tinha apenas 26 anos e nunca havia dado aulas. Seu trabalho era avaliar patentes num escritório em Berna, na Suíça. Os quatro artigos do annus mirabilis foram produzidos fora do horário de expediente, longe de laboratórios, de colegas com quem discutir e até mesmo de uma biblioteca adequada. Para muitos historiadores da ciência, foi o mais brilhante trabalho amador da História. Em 1939, enviou uma carta ao presidente Franklin Roosevelt, alertando sobre a possibilidade do desenvolvimento de uma bomba atômica alemã. O gesto deu origem ao Projeto Manhattan e daí às bombas de Hiroshima e Nagasaki. Em 1954, ele diria ao amigo Linus Pauling que a carta a Roosevelt foi o maior erro de sua vida.

O mundo sem ele

O fato de Einstein ser judeu evitou uma possível tragédia. Os nazistas batizaram a física quântica e a relatividade de "física judaica" e além de Einstein, o dinamarquês Niels Bohr, outro pioneiro do universo quântico, também era judeu. No lugar da física moderna, propuseram o ensino da "física alemã", a mesma de Isaac Newton. Por isso, e pela fuga de cérebros causada pela perseguição, o programa nuclear nazista foi um fracasso, já que se alguém de olhos azuis fosse o autor de E=mc2, a história poderia ser diferente, e pior. As bombas atômicas também impediram a Terceira Guerra Mundial. Estados Unidos e União Soviética mantiveram uma paz tensa por medo da aniquilação mútua.

Vladimir Lenin

Vladimir Ilyich Uliánov foi um revolucionário e chefe do Estado Russo. Um dos grandes responsáveis pela Revolução Russa, em 1917. Ano em que a guarda vermelha de Lenin depôs o governo e deu início a uma guerra civil que duraria até 1923 e na qual padeceram, entre balas, fome e repressão brutal, 9 milhões de russos. Dessa forma traumática, nasceu a primeira nação marxista, oficializada em 1922.

O mundo sem ele

É difícil imaginar a história do século 20 sem a União Soviética ou qualquer outro país comunista. E a maneira de organização dos comunistas é obra de Lenin e de seu modelo de partido revolucionário, baseado no que chamava de "centralismo democrático", capaz de "liderar as massas contra a burguesia". O medo do comunismo fez com que quase todos os países democráticos, inclusive os Estados Unidos, aprovassem programas sociais e legislação trabalhista. Sem a insegurança gerada pelo risco do comunismo, a questão social ainda poderia continuar sendo tratada como caso de polícia. A causa anti-imperialista também teve em Lenin um de seus mais potentes defensores, e é possível que África e Ásia ainda tivessem colônias europeias sem sua inspiração nas lutas anticoloniais do século 20 - o socialismo foi o norte dos grupos envolvidos em processos de independência. A luta contra o comunismo tem seu lado sombrio em fatos como as ditaduras no Brasil e em outros países da América Latina, que colocaram os militares no poder por temor de governos esquerdistas. 

Josef Stalin

É possível gastar milhares de páginas tratando das atrocidades de Stalin. Enquanto Lenin acreditava que a URSS só sobreviveria se conseguisse exportar a revolução, Stalin lançou a doutrina do "socialismo em um só país". Dizia que era possível a União Soviética sobreviver sozinha. E acabaria por provar isso - mas, antes, precisou transformar a Rússia de um país agrícola retrógrado em uma potência industrial. Em 1939, União Soviética e Alemanha assinaram o Pacto Molotov-Ribbentrop, um acordo secreto de não agressão. Em junho de 1941, Hitler rasgou o tratado e invadiu a União Soviética, pegando Stalin de surpresa. Stalin permaneceu no Kremlin e liderou pessoalmente a resistência. A resistência em Moscou e em outras cidades soviéticas, como Stalingrado, inverteria a situação nos dois anos seguintes. Em 1945, as tropas soviéticas marchavam sobre Berlim. Na conta de Stalin pode-se pendurar o atraso colossal da biologia e das artes durante seu longo governo, destruídas por seus zelosos comissários. Mas ao virar o rumo da guerra quase sozinho ele salvou o mundo do nazismo.


O mundo sem ele


A União Soviética seria com certeza um lugar mais agradável de viver. E isso duraria até ser conquistada pela Alemanha nazista, que considerava os eslavos um povo inferior, naturalmente vocacionados à escravidão. O algoz também poderia ter sido o Japão imperial, que tinha planos para atacar o país, mas desistiu quando o ensaio da invasão, uma batalha na Mongólia, em 1939, falhou miseravelmente diante dos tanques e aviões russos, fruto da indústria pesada que acabara de ser criada por Stalin. Ou ainda pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra, se o ditador não tivesse conseguido a bomba atômica com a ajuda de seus espiões. A força da União Soviética na Segunda Guerra não pode ser subestimada. Sem Stalin, o nazismo teria dominado tudo, da Sibéria até a França, e daí, quem sabe, o resto do mundo.


Mao Tsé-Tung


A China moderna, único país candidato a ameaçar a hegemonia econômica norte-americana, nasceu das ações de Mao Tsé-tung. Ele tirou o país do "século de humilhação", que vinha desde a derrota para o Reino Unido na Primeira Guerra do Ópio, em 1842. Ao se divorciar da União Soviética, nos anos 60, Mao partiu o comunismo em dois. Mas isso deu um novo fôlego a muitos comunistas pelo mundo, pois a União Soviética era associada aos crimes de Stalin e a uma burocracia envelhecida, corrupta e sem fervor revolucionário. Mao, "para o bem ou para o mal, unificou a nação ancestral da China, pavimentando o caminho para a eventual emergência do país de séculos de isolamento", como afirma o jornalista e escritor norte-americano Jon Lee Anderson. O "para o mal" não pode ser subestimado. Entre 30 milhões e 70 milhões de mortes são atribuídas à repressão e às experiências sociais de Mao, o que, em números absolutos, configura a pior matança da história.


O mundo sem ele


Se a China fosse liberada pelos nacionalistas, talvez tivesse um destino parecido ao de Taiwan, um dos Tigres Asiáticos - países da região que se desenvolveram rapidamente no final do século passado. Mas dadas suas proporções e desafios colossais - antes de Mao Tsé-tung, o país era uma caricatura de nação que mal conseguia alimentar sua população - não há garantias. Outra questão é se a China fundada no nacionalismo militarista de Chiang Kai-shek, cheia de ressentimentos contra a União Soviética, o Japão e o Ocidente, não seria uma ameaça à ordem mundial. "Sem Mao não haveria a China que o capitalismo resolveu adorar", diz Francisco Alambert, da USP.

Abraham Lincoln

Ao menos uma vez na História, o mérito de um grande político esteve justamente em ignorar suas promessas. Em 1859, Abraham Lincoln falou a uma plateia em Cincinnati, Ohio: "Não tenho qualquer propósito de interferir diretamente ou indiretamente com a instituição da escravidão nos estados em que ela existe". Repetiu o mesmo discurso em outras ocasiões. Em sua carreira, havia feito de tudo para tornar mais difícil a escravidão, instituição que frequentemente comparava a um "câncer". Também dizia que a frase na Declaração de Independência dos Estados Unidos, "todos os homens são criados iguais", se aplicava aos negros, ideia chocante para muitos na época. Lincoln foi o presidente que libertou os escravos, salvou os EUA e abriu caminho para a luta dos negros, de Martin Luther King a Nelson Mandela.

O mundo sem ele


O fato de os Estados Unidos se dizerem a terra da liberdade enquanto tinham escravos era uma hipocrisia que não passava despercebida por outros países. O fim da escravidão e a guerra civil marcaram a refundação do país, que deu início a uma segunda luta, a dos direitos dos negros, com as últimas leis racistas nos Estados do sul abolidas em 1965, após uma longa campanha pelos direitos civis. A luta dos negros americanos inspirou e deu ideias a movimentos similares no mundo todo, inclusive no Brasil. Sem Lincoln, é possível que a escravidão continuasse até o século 20 tanto lá quanto aqui - e a situação dos negros certamente seria pior. Os Estados Unidos provavelmente seriam um país mais atrasado, agrícola e isolado, não a potência industrial que interveio no mundo em momentos críticos, como na Segunda Guerra.

Fonte: Aventuras na História